Asas dos Sonhos

Junção de letras na expressividade  de sentimentos. *Nadir  D'Onofrio*

Textos


Sapatinhos de Porcelana 
 

Havia uma loja de presentes, dentre eles uma miniatura de um par de sapatinhos de porcelana, na cor azul marinho, lindos!
Objeto admirado e imaginado em meus pés!
Pensava, quando for moça usarei um igual...
Enquanto isto não acontecia me contentava, em calçar os sapatos de salto alto de minha mãe, saia arrastando-os pela casa.
Na véspera de um Dia das Mães, pedi dinheiro
ao meu pai iria comprar um, presente para ela.
Lembro-me que chovia muito, ruas sem calçamento, escorregadias e lá vinha eu, feliz, equilibrando o guarda-chuva contra a ventania e, o pacote contendo, meu cobiçado objeto.
Foi quando escorreguei, cai, ouvindo o barulho,
característico de louça quebrada...
Posso imaginar a expressão do meu desapontamento!
Ali mesmo sentada no barro, desfiz o pacote, um dos sapatinhos estava, fragmentado, outro, com pequeno lascado.
A loja estava fechando as portas, assim que sai, não adiantaria, retornar, o jeito foi seguir em frente.
Sentia-me frustrada pensei, em deixar o presente na lama, mas,
 como ficaria minha mãe, não ganharia, nada?
Invadia-me, uma sensação de raiva e vergonha...
Assim ao chegar em casa, molhada, enlameada, chorando entreguei
 o presente à ela dizendo que, o havia comprado por achar, bonito, mas, que com o tombo ele havia se quebrado!
Com carinho ela abraçou-me dizendo, filha, meu maior presente, Deus, já me concedeu, foi você...
Jogue estes cacos fora, para não se machucar enxugue as lágrimas, ( era um par, ainda, restou um! )
E sem dizer mais nada foi buscar o tinteiro, na época, para escrever usava-se, tinta, na cor azul marinho escuro.
Um horror, escrever, com àquelas canetas acopladas em penas de metal, as crianças sofriam...
Com auxílio de algodão enrolado em palito de fósforo e a tinta, ela cobriu a parte lascada da porcelana deixando-a, quase que imperceptível.
Assim fora minha mãe, raciocínio rápido encontrava solução imediata para, quase, tudo. A peça em questão permaneceu sobre a cristaleira, por longos,
 anos, até que um dia, se quebrou em uma mudança.
Momentos que ainda hoje fazem parte de boas lembranças...

 Nadir A. D'Onofrio
 08/05/2011-16:42
 Serra Negra/ SP

 

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Nadir DOnofrio
Enviado por Nadir DOnofrio em 08/05/2011
Alterado em 13/10/2021


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